#CORTEXIPHAN
Série de micro-mixtapes baseada no seriado Fringe (2011)
@
Mudroi

“Há de haver. Certeza de passar pelo funil versando rimas de cadernos velhos. Vencer é uma questão perceptiva. Mude de posição. Escreva o livro que faltou na sua estante. Esse é o instante em que sonhos viram matéria. Poemas da Nigéria… Seu Wole Soyinka disse: O AR NÃO NEGA O TOPO DA MONTANHA! Todo dia é dia de façanha p/ ficar de pé e pago. Discurso de rei mago, pintado de rima breve, cor de ouro. Eu já cacei tesouros que o vento levou. Agora, escrevo barras, mas o tempo passou. Rejuvenesça. Domínio do que passa na cabeça, é necessário feito respirar. Registrar vitórias e seguir sem ser tombado pela escória de pseudo-connoisseurs do Ritmo e Poesia. Crítica vazia não enche tanque de carro, ou paga conta de luz. E o que mais me seduz nesse planeta é ser eu mesmo sem amarras. Amizades raras feito mutações na fé cristã. O estúdio é o divã, a casa, a igreja. o céu, o sono. Eu me emociono, mas repouso na razão.
***Posso falar?
Posso, posso falar?***
Rimo pra esquecer de quem puxa o tapete e finge. Abraça pra empurrar, quando eu voltar, eu levo tudo feito os 11 de Danny Ocean. Torço a realidade feito William Bell em Fringe. Místico, científico. Lúdico exercício de magia, 12 anos e contando. Gotas de poesia p/ cair no rio de lama dos demais. Eu nunca corro atrás. Seu Chico disse: Caboclo sacodido, nem “nome de escravo” eu tenho. Desenho magnífico do caos ao meu redor, transformo o que não presta em algo menor. O vento se encarrega de levar pra bem longe. Mais cores do que a câmera suporta…”
–– Parteum (do episódio #05 da série de micro-mixtapes Cortexiphan)

Ainda sobre o projeto:
Quando comecei a produzir Cortexiphan, no começo de 2011, tinha voltado à vida de executivo e usava algumas horas da noite pra seguir produzindo. Cora tinha menos de dois anos e o meu estúdio ficava ao lado do quarto dela. Como já não podia trocar a noite pelo dia, costumava me trancar no estúdio entre 21hs e 00hs. Carol, minha parceira, sempre me ajudou a não perder a música de vista.
Entre repetidas sessões de Fringe numa tela e pesquisas de timbres na outra, escrevia algo, montava uma célula, gravava alguma coisa e ia pro trabalho ouvindo na manhã seguinte. Ia repetindo esse processo durante a semana e lançava esses “estudos” no SoundCloud. De lá pra cá, muita coisa mudou. Como cuido do selo/editora e sigo me aventurando em projetos de design, vídeo e trilhas, tenho pouco tempo pra seguir criando música. Talvez esse seja o melhor formato de aposentadoria pra artistas que conheceram todas as salas da indústria fonográfica e não se perderam totalmente. Se há uma lição na pandemia, ao menos pra mim, é a do tempo que se gasta fazendo coisas fúteis e/ou colaborando com quem ainda parece não ter entendido o que os termos indústria e comércio significam. É preciso seguir descobrindo e/ou lembrando o que me satisfaz nesse meio. O registro de boas ideias, as capas que crio, os timbres que decido usar… eu não diria que esses são exercícios de liberdade, já que isso significaria lançar qualquer coisa de qualquer jeito, pra alguns. Eu prefiro achar que as minhas séries de micro-mixtapes, algumas até anteriores à Cortexiphan, foram/são essenciais pra eu continuar nesse caminho da pesquisa, da descoberta e do afeto pela ciência das batidas, das palavras, da engenharia de áudio caseira, do maquinar quase sempre solitário... Do sonho de todo ser humano que já bateu à porta de uma gravadora, de uma estação de rádio, de um selo… que acreditou no poder da criação e seguiu adiante. Sou fã de Dilla, Diamond D, Pete Rock… produtores que rimam, rimadores que produzem. Gosto de ir ao centro pra falar sobre discos obscuros do pop preto americano com o DJ Célio. Qualquer gôndola de álbuns de $5 me deixa feliz. Qualquer plugin da SSL também me alegra. Só espero que o professor Vander não ouça a master e puxe a minha orelha… muito.
#Cortexiphan, a versão original, está disponível na nossa loja.
Também está rolando uma pré-venda da camiseta e do moletom "Deus É Todo Mundo Sorrindo Ao Mesmo Tempo".