Setembro de 2025 marca o lançamento de um álbum importante para a história do rap feito no Brasil. Várzea é o nome do recém-lançado álbum do nosso irmão Slim Rimografia. Nessa onda dos raps adultos, como diria Paulo Napoli, acho incrível Slim ter criado uma obra aconchegante, séria e, devo dizer, urgente. Há uma dúvida antiga sendo respondida pela própria cultura, no momento. O que acontece com MCEEs depois dos 40? Como se viram? E a questão da relevância, para além do mercado e coisa e tal? Mercado vive de repetição e comparação. Cultura, quase sempre, se ocupa de outros parâmetros para dizer o que importa. Gente mais antiga (e experiente) diz que o sucesso real mora no encontro dessas linhas: cultura e mercado (ou alcance). Eu me apego à questão da expressão do indivíduo e da percepção da arte, ali, mais perto de onde ela nasce. Esse movimento do Slim também marca seu retorno ao elenco da Mudroi, como autor, intérprete e produtor. Seja bem-vindo novamente, mano Valter!

‍Slim, como começou essa ideia do álbum? Como foi a escolha do nome?
Eu cresci ao lado de um campo de futebol de várzea, o campo do Figueira. Apesar de não jogar bola, sempre estive por lá e sempre presenciei os jogos e os atletas que dão o sangue por ali. Acho que um dia, pensando na minha carreira e no tamanho que o rap é hoje, me percebi jogando na várzea — e não que isso seja algo ruim, mas essa é a essência. Esse nome sempre esteve na minha cabeça durante anos e acho que agora, no 40+, ele fez mais sentido pra mim e pra minha arte.

‍O Rap Nacional, nesse momento, te assusta ou te motiva?
O rap sempre me motiva. Sou grato por estar presenciando todas as mudanças e novos nomes que surgem e ver que os caminhos, mesmo diferentes, ainda são os mesmos. Muita gente com a cara e a coragem fazendo com o pouco que tem para realizar seu sonho de rimar. Não é muito diferente de nós no final dos anos 90 e início dos anos 2000.

E esse novo corre com a sua filha, a Ciça? Desde quando ela está fazendo música, se preparando pra seguir esse caminho?Minha filha resgata muita coisa em mim que estava talvez adormecida por tanto tempo de caminhada. Gosto da coragem e da visão que ela tem sobre o rap. Não interfiro em nada e apenas dou o suporte que ela precisa, mas permito que ela siga o caminho dela, sua intuição e seu talento natural. Os versos sempre me pegaram desde sempre, mas este ano ela resolveu se jogar e vem fazendo um barulho na cena. Não tem como não estar empolgado com o rap.

Quais são os próximos passos, mano? O que você vai aprontar nos próximos meses?
Sempre pra frente e caminhando — esse é o segredo pra mim. Mesmo sem soltar sons, estou sempre fazendo e criando, e quero compartilhar mais o que tenho criado com geral, fazer pelo menos um álbum por ano. Não tem mais como recuar. Quando remei pela primeira vez, eu sabia que seria até o fim dos dias nessa vida.

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A capa conta com criação de outro parceiro talentoso, Robinho Santana. Várzea deveria estar em mais listas e playlists editoriais das plataformas de streaming, mas o jogo é o jogo. E a várzea é assim. Para adquirir a camiseta exclusiva "VÁRZEA" (e ganhar o álbum digital) visite nossa loja.

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